Dica Literária: O PASSADO











Bom dia!!!!!!!

Se a procura é por um livro que fale sobre relações amorosas, a dica é o romance O Passado, o escritor argentino Alan Pauls, editado por COSAC NAIFY.
O livro foi adaptado para o cinema, com direção de Hector Babenco.
Vamos a sinopse:

"O fim do amor é o tema de 'O passado'. Rímini, um jovem tradutor, é o protagonista do período que sucede o fim de uma relação conjugal de 12 anos com Sofia, idealizadora de um grupo chamado 'Mulheres que Amam Demais' (MAD), que age contra os homens de quem se separaram. No decorrer do tempo, Rímini busca em suas parceiras, Vera, Carmen e Nancy, inúmeras maneiras de anular o passado. Suas experiências de vida transformam-se em verdadeiras fábulas modernas, narradas com fartas doses de um humor desestabilizador."

Veja o que diz Tiago Faria, no jornal Correio Brasiliense em Correio Braziliense em 30/6/2007:

O pesadelo do amor eterno
De forma sublime, o argentino Alan Pauls explora a harmonia de extremos para mergulhar no agoniado relacionamento de um casal


Nas primeiras cenas de A morta-viva, de 1943, uma mulher é acalentada pelo marido. Ela não fala nem se move, está em coma. Mas a simples presença do corpo deitado na cama do hospital engata uma trama contaminada, aos poucos, pelo batuque hipnótico de rituais de vudu. Nas bordas das 478 páginas de O Passado, faz-se notar a sombra do filme de Jacques Tourneur, e de um exér­cito de desalmados em branco e preto. As anti­gas imagens de cinema fantástico são como re­flexos mórbidos, metáforas para a relação ago­niada entre Rímini e Sofia. Na história de zumbi escrita pelo argentino Alan Pauls, o amor mor­re, dá-se por enterrado, mas ainda assim per­manece no centro da ação.

"O amor é torrente contínua", avisa Sofía, em uma das tantas cartas desarranjadas que escreverá ao homem com quem viveu por 12 anos. Rímini não aceita a definição, separa-se, se envolve com outras mulheres, tem um filho - mas é tarde. Como livrar-se das lembranças do amor, da saudade de um período de juven­tude e formação? Ex-sub editor do suplemen­to literário do jornal Página 12, crítico e roteirista de cinema, Pauls não se atrai pelo texto polido, cenas e parágrafos sem arestas. Tomado pelo pesadelo da experiência amorosa, de­sorganiza a narrativa em solavancos, saltos temporais, his­tórias paralelas que irrompem entre capítulos. Afastar-se de Sofia significa, para o herói tor­to deste romance torto, entre­gar-se às alucinações recorren­tes de um passado que insiste em retomar.

Vencedor em 2003 do Prê­mio Herralde, da editora espanhola Anagrama, O passado justifica plenamente o status de marco da nova literatura ar­gentina. Lançado no Brasil após as filmagem da adapta­ção dirigida por Hector Babenco (com estréia prevista para outubro), o livro alimenta-se de uma sublime harmonia de ex­tremos. De um lado, a profundidade da descri­ção psicológica de personagens remete a gran­des romances do século 19, a Stendhal e Balzac. De outro, o trabalho com a engenharia do tem­po, manipulado e redescoberto a cada capítu­lo (que, às vezes, soam como pequenos con­tos, autônomos), garantem contemporanei­dade à prosa de Pauls. Não existe a necessida­de de manter-se preso a uma história, mas, an­tes disso, de compor um habitat para expe­riências, digressões, referências a ficção-cien­tífica, artes plásticas, cinema, sonhos.

Dito assim, a jornada parece árida. Não é. Milagrosamente, já que trata de um tema tam­bém perpétuo, Pauls mantém-se muito próxi­mo do leitor. Há quem se identifique terrivel­mente com a trajetória do tradutor Rímini (o próprio Babenco teria devorado o livro em uma noite), mas o ator mexicano Gael García Bernal terá que se superar para simular as con­tradições de um personagens ao mesmo tem­po amável e repulsivo, capaz de explodir em felicidade com o nascimento do filho e agredir-se longamente no transe de cocaína, na inércia do sexo violento com uma devoradora de alunos e professores de tênis, nos jo­gos cruéis com a namorada ciumenta. Está preso às lem­branças, mas não é vítima de­las. A seu modo, serve de em­blema para um país necrófilo, obcecado pelo passado, inca­paz de seguir em frente.

Sem romantismo
Na separação entre Sofía e Rímini, não há fagulhas de romantismo. "Tinham batido todas as marcas de longevidade conjugal que conheciam", informa o narrador. Ao acordo frio, o homem responde com uma reação imprevisível. Corre do apartamento sem selecionar as fotos, desarrumadas em duas caixas de papelão. Despreza os recados da secretária eletrônica, passa a trabalhar como uma máquina. O mundo brilha "como um objeto novo em fo­lha". Ele corta o cabelo. Nada adianta. Sofía re­torna em cartas, presentes de aniversário, em amigos próximos. Há instantes em que parece não mais existir. Confunde-se nos sonhos de Rímini, é protagonista de cenas surreais. No aniversário do ex-sogro, ela o presenteia com o mesmo pulôver comprado pelo filho. Fantasia ou realidade? Para ele, tudo se limita a um mesmo bloco pesado de sensações.


A distância provoca efeitos físicos. Aciden­tes de trânsito, desmaios. Uma doença arranca de Rímini a capacidade de compreender idio­mas estrangeiros. Ele perde tudo. Ela desmo­rona, fora da cena. Enquanto isso, o romance se alonga, se ramifica. Em 50 páginas, abando­na tudo para seguir a "saga" de um quadro de Jeremy Riltse, ícone da Sick art, também ator­mentado por um amor-espectro. Para o pintor, confinar a doença na arte restauraria a saúde do artista. Alan Pauls já descreveu o processo de criação de O passado, erguido durante um período de cinco anos, como um "transe psi­codélico", uma tela em branco para a sobrepo­sição de ficção e experiências pessoais, ensaio e filosofia. Mais que isso, como um romance que "crê no que narra". Essa fé nos recursos li­terários, desmontados com infinita curiosida­de e aflição, serve de pista para o que há de mais singular em uma obra permeável. Um fil­me de horror especialmente incômodo, já que sem o alívio dos letreiros finais.


fonte: http://www.livrariacultura.com.br/

domingo, 9 de setembro de 2007

1 Comment:

BABI SOLER said...

Eu nem acredito que você colocou esse livro aqui. Há quinze dias adquiri esta maravilha e estou louca para devorá-lo.
Beijoca!
Só podia ser você - que não perde nada,rs

 
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