Deixando pra trás...


Title: Forest Path
Hein Van Den Heuvel

Esse final de semana foi de...libertação!
Sim, se eu tivesse que classificar em uma palavra, acho que seria essa.
Por conta de atitudes que não concordei, que fogem e muito do meu modo de pensar e agir, fiquei vários anos sem ver uma parte da minha família.
Quando falo família, digo tios, avó, primos e etc...
Na verdade foram 17 anos!
Muitos podem falar: "nossa, tudo isso...você deu as costas a sua família...e o perdão?????"
Pois é, é muito fácil falar sobre o perdão, mas praticá-lo, nem sempre!

Não sou hipócrita, não sei ser falsa e não consigo falar ou fazer as coisas se elas não vem do coração.
Acho que tudo nessa vida tem sua hora e sua razão de ser.
Antes de dar as costas a minha família, ela se virou contra nós primeiro...não merecíamos, mas levamos uma punhalada pelas costas e de onde não pensávamos que viria, afinal, família é família, né...
Então, cortei os laços!
Não vou mentir dizendo que senti falta...
No começo o que manteve meu afastamento foi a raiva, depois, com o passar dos anos, foi a indiferença...
Conviver com eles ou não, já não fazia a menor diferença.

E então sábado revi grande parte dessa família... infelizmente foi numa ocasião triste, a missa de 7o. dia de um primo, morto num acidente de carro.
Minha família é do tipo que gosta de se juntar em peso em qualquer ocasião: casamentos, festas, velórios...estão sempre juntos.
Decidi ir à missa, primeiro porque minha mãe queria ir (nunca chegarei a ser boa como minha mãe, ela sim sabe praticar o perdão)...depois, porque meu primo é filho de uma tia que sempre gostei muito...e também porque percebi que revê-los, já não me afetaria mais.

E foi assim...família em peso, todos vieram me cumprimentar, aquele papo: "nossa, como você está bonita...como seu filho é lindo...quanto tempo".
Minha avó não foi...já está com quase 90 anos e não iria aguentar tanta emoção.
Nada sobre o passado foi comentado, mas via vários pares de olhos nos olhando de soslaio, como se esperassem alguma atitude de minha parte.

De minha parte foi uma volta ao passado...vi meus tios mais velhos, revi primos que conheci pequenos, encontrei primos que não conhecia e pronto!
Não senti raiva, não senti mágoa, não senti alegria.
Não quero retroceder no tempo e falar que poderia ter agido diferente.
Não me arrependo da atitude que tive, acho que naquele momento agi da única forma que meu caráter e personalidade me permitiram agir.
Mas, também não vou ficar arrastando corrente uma vida inteira...nesse meu momento não há espaço para mágoas, raivas e se quero ensinar a meu filho a superar as decepções e viver uma vida sem rancor, devo começar por mim mesma.

Com o passar dos anos, com a maturidade, a gente aprende que não se deve julgar os outros de acordo com nossos critérios. Ninguém está acima do bem e do mal e todos somos sujeitos a erros, acertos, falhas, decepções, perdas...
Cada um colhe aquilo que planta...acredito na lei do retorno, na ação e reação...e que todos respondemos um dia por aquilo que fazemos.
Sei que não há como resgatar o passado, essa história e reatar os laços. Mas, fiquei feliz por finalmente ter me libertado e ter dado um passo, deixando o que ficou pra trás e seguindo meu caminho.

imagem: http://www.allposters.com/

terça-feira, 2 de outubro de 2007

13 Comments:

Renato said...

Perdoar não é fácil, mas o tempo ajuda a cicratizar as feridas. E é sempre bom darmos o primeiro passo e reconstruir pontes. Não vale a pena ficar guardando rancor. Disse bem: libertação.

Anne said...

A família é sempre o nosso porto seguro, mas isso está longe de podermos dizer que ela é infalível...
Já tive problemas grandes com tias, com pessoas de quem não esperava e me decepcionei, por isso mesmo que hoje em dia, para a parte mais "íntima" da minha vida, conto com meus pais e meu irmão (e a mulher dele, q é um anjo). Limitei mto o retante. Convivo bem com todos, amo a todos, mas minha vida particular é para poucos.
Tb aprendi que quando não espero tanto das pessoas, as decepções são menores e menos frequentes. Perdôo sim, mas tb só qdo vem de coração...minha dificuldade é "dar a outra face", abrir novamente as portas para a mesma pessoa, mas quem sabe um dia eu aprenda, se isso valer a pena...rs
Bjos pra vc, Edna!

Anônimo said...

Edna querida, vc não faz idéia do quanto me vi nas suas palavras, vivo uma situação parecida não com vários membros da familia, mas com minha irmã, uma pessoa de quem sempre fui mto próxima.
Aconteceram muitas coisas e no momento prefiro me manter afastada pq como vc disse, não quero fazer algo que não venha do coração, e meu coração pede afastamento.
As vezes tenho medo de no futuro olhar pra trás e pensar q deveria ter agido diferente, mas sinceramente tem mta mágoa ainda e a gente sabe que só o tempo pra curá-las ou amenizá-las, acho q ele ainda não chegou pra mim.
De qquer forma fico feliz pelo seu fim de semana libertador!
Bjos e tudo de bom sempre, perdoe o desabafo.

Bárbara Lemos said...

Não sei por que, mas acho que um dia vou precisar escrever algo assim. Minha família é a maior pedra do meu sapato... a pior de todas mesmo. E já estou longe da maioria dela há tempos. Dizem que eu vou sentir falta, que um dia vou precisar e aí eles não vão me ajudar. Sei lá, né?
Não sei se vai ser tão grave assim quebrar a cara mais uma vez, enfim.
Adorei o lay novo... mais clean, mais a cara do teu cantinho.

Beijo meu.

Bruno Cazonatti said...

Liberdade é bom de mais, ainda mais quando a mente eleva, o corpo flutua e as palavras ecoam suavemente.
Beijo beijo
Brunø

Carmim said...

Quando finalmente conseguimos libertar-nos das coisas passadas, ficamos mais leves, com uma sensação de liberdade bem real.
Tal como tu, também acho que devemos seguir o nosso coração, não fingir, ou forçar as situações.
O que aconteceu, aconteceu... não dá para apagar, talvez não haja vontade de mudar, mas a vida continua, e como costumo dizer "O que não nos mata, torna-nos mais fortes".

Um beijo.

Edna Federico said...

Viram como os pensamentos compartilhados voam mesmo?
Aos poucos vamos vendo que a maioria tem problemas em família e a carga fica mais leve quando dividimos.
Obrigada por não me julgarem!

Cin, desabafe quando e quanto quiser. Tenho certeza que você e sua irmã encontrarão um momento certo para se entenderem.

B., obrigada pelo elogio ao visual do blog.

Margarete Bretone said...

Parabéns, tenho certeza que esse foi um grande passo em sua vida.
Você não está se sentindo mais leve? Eu estaria...
Super beijo

Thais G. said...

Oi Edna!!!

Tem uma indicação pra você em meu blog, espero que você goste!!!


Belo texto, sobretudo o ultimo paragrafo. Ninguém é dono da razão e todos nós somos vulneráveis ás coisas que ocorrem em nossas vidas.

Abraços!

Menina Lunar said...

Edna querida..
Tambem ´tem uma parte da minha família que não convivo bem, teu texto me fez refletir bastante.
Beijo grande, e mais dias libertadores pra todos nós.
;*

Anônimo said...

Parabéns. Bôa semana!

Fabiola said...

O tempo é o senhor de tudo

Saramar said...

Questões familiares são sempre muito difíceis, complicadíssimas e sempre deixam uma amargura imensa.
Você está certa sobre o perdão, não é fácil, aliás, é dificílimo.
Acredito que o tempo é o único remédio para todas as dores. O triste é que não temos o tempo neessário para refazer as coisas, consertar, mudar.
Porém, como não somos deuses nem santos, não precisamos ficar tentando refazer o mundo.
O jeito é ir vivendo com os instrumentos que temos.
Admiro você, mais ainda por ter a coragem de falar tudo. Isso faz bem, mas é tão difícil quanto perdoar.

beijos

 
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