Dica Literária: VER - AMOR


Um romance, com tema já muito abordado, mas que vai nos chocar para sempre.
VER - AMOR, de David Grossman, é editado pela Companhia das Letras.
Vamos a sinopse:






"Na década de 1950, em Israel, o menino Momik, filho de judeus sobreviventes do Leste Europeu, interpreta à sua maneira os silêncios e fragmentos de conversas dos adultos sobre o que viveram na 'terra de lá' (a Europa dominada por Hitler). Convencido de que a 'besta nazista' é, literalmente, um monstro horrendo, resolve atraí-la a um galpão no fundo de sua casa para poder destruí-la, com a ajuda do avô Anshel Wasserman, que aparentemente ficou louco num campo de concentração. Já adulto, e agora romancista, Momik recria literariamente a história de Bruno Schulz (1892-1942), escritor polonês morto por um soldado nazista no gueto de Drohobycz. Na variante inventada por Momik, porém, Schulz foge para Dantzig e se atira no mar do Norte, em cujas profundezas vive uma aventura fantástica e alegórica. Outra história dentro da história é a do avô Wasserman, ele próprio autor, na década de 1910. Em 1943, prisioneiro de um campo de concentração, Wasserman se transforma numa espécie de Sherazade às avessas - ao descobrir que é invulnerável às inúmeras formas de assassinato praticadas pelos nazistas, ele conta a cada noite novas histórias ao comandante do campo, e em troca este tenta matá-lo. Narrado em várias vozes, fundindo gêneros e estilos, 'Ver - amor' cobre de modo não linear praticamente todo o século XX, tendo como núcleo a experiência indizível do Holocausto."

Veja o que disse o jornal O Estado de São Paulo em 19/05/2007:

Tentando imaginar o horror em estado puro

Ver: Amor é um exercício em quatro partes para decifrar a tragédia do Holocausto.
Antonio Gonçalves Filho

Há 20 anos, ao ser lançado em Israel, Ver: Amor causou impacto porque, ao contrário das obras de autores como Eli Wiesel, seu livro não é o testemunho de um sobrevivente nem um testamento político, mas um exercício literário sobre o Holocausto. Dividido em quatro partes ligadas entre si, Ver: Amor tem algo de fantasmagórico. Os personagens desaparecem e ressurgem em cada uma delas e em diferentes contextos. Uma criança na primeira parte, que faz o papel de narrador, reaparece como adulto na segunda parte para logo em seguida desaparecer na poeira do tempo. É como se a voz do narrador tivesse sido absorvida pelo grande aspirador da sociedade civil européia dos anos 1940, que negou aos judeus a posse de uma identidade. O narrador é um garoto de 9 anos, Momik, que cresce em Israel nos anos 1950 e tenta encurralar a “besta nazista” que cresce em sua imaginação à medida que ouve as histórias apavorantes contadas pelo avô, sobrevivente de um campo de concentração alemão. Já adulto e escritor, nos anos 1980, Momik fica obcecado pela figura do escritor judeu polonês Bruno, místico morto por um nazista da SS. Nessa segunda história, surrealista, Grossman reinventa a vida do polonês, que consegue escapar, pular no mar Báltico, entrar em comunhão com os peixes e virar salmão. Na terceira parte, é a vez de reconstituir a história do avô, seguida no epílogo por uma tentativa quase enciclopédica de entender a tragédia do Holocausto por meio de palavras aleatoriamente agregadas. Trata-se quase de uma autocrítica de Grossman, a admissão da impotência da palavra diante do indizível, conduzindo o leitor a uma estrada sem fim, pavimentada pela abstração e pelo horror. Impossível não lembrar de Adorno, o filósofo que disse ser impossível escrever poesia após o Holocausto, na última entrada permitida ao leitor. O derradeiro tema desafia o tratamento ficcional, sem dúvida, mas a sensibilidade de Grossman é grande para convencer o leitor a seguir adiante. As palavras, afinal, devem servir para alguma coisa.

fonte: www.livrariacultura.com.br






sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

2 Comments:

Silêncio © said...

Uma dica, que é sem dúvida preciosa.
Eu pessoalmente gosto de livros onde não existam tragédias.
Beijo

Alê Quites said...

Flores!

Bom final de semana, querida!
Saudades daqui...

 
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