Não faz muito tempo, solicitamos a Prefeitura que podasse uma árvore que tem na calçada em frente a nossa casa. Adoro árvores, sou a favor da natureza, mas o fato é que os galhos já estavam entrando pela janela da sala, a cada vento que dava eu via os fios de eletricidade balançando de uma forma assustadora (uma vez já queimou diversos aparelhos em casa por conta disso) e minha casa estava sendo literalmente invadida pelos bichos: pernilongos, formigas, taturanas e outros afins.
Gente, alguém já tentou fazer uma solicitação dessas à Prefeitura? Se não, podem arrumar uma cadeira bem confortável e esperar sentados, pois eles demoram MESES para atender. A gente tem que ficar ligando, cobrando e etc, etc, um saco!
Bom, mas esse não é o tema principal do post.
O fato é que num belo sábado (de carnaval por sinal e isso significa que se eu estivesse viajando e não tivesse ninguém em casa, eles não poderiam cortar e eu iria ter que esperar vários meses de novo), eles apareceram lá, às 8:00 da manhã.
Corta daqui, corta dali e de repente, eu que estava na janela, vi o funcionário entregando algo para meu marido...eles tinham achado um ninho de beija-flor, com 2 filhotinhos dentro, uma graça, estavam acabando de formar a penugem.
Nós que somos todo coração, resolvemos colocar o ninho na varanda do nosso quarto, na esperança que a mãe viesse alimentar os filhotes. Meu marido colocou no murinho da varanda e amarrou o ninho na grade, pra não cair com o vento.Os filhotinhos, que estavam assustados, se ajeitaram e fecharam os olhinhos.
A manhã passou e qdo fui lá olhar, nada da mãe...eu a via voando desesperada por perto, cantando, chamando os filhotes, mas ela não via. Eu já estava ficando até agoniada, pois o Sol começava a bater no ninho.
Tive que improvisar, peguei uma escada, abri na varanda, amarrei no ninho no último degrau e fiz uma cabana com papelão, pra não bater Sol. Nisso os filhotes, que já estavam acordados, piavam fraquinho, pois estavam morrendo de fome. A mãe voava de um lado pro outro enlouquecida, escutando os filhotes, mas não os via.
Vi que eu teria que bancar a mãe adotiva dos filhotes até que a mãe verdadeira pudesse alimentá-los. Coloquei água num potinho, molhei o dedo e comecei a pingar no bico deles...tadinhos...abriam a boca desesperados, dei farelinho de pão também.
Depois disso eles começaram a piar mais forte e a mãe cada vez mais enlouquecida, coitada. Eu já tava até apelando pra Santa...numa última tentativa de fazê-la ver, coloquei umas folhas e casca de árvore na frente do ninho, pra ver se ela se tocava, né...hehehe...deu certo!
Fiquei escondida, vi qdo à mãe achou o ninho e na mesma hora os filhotinhos abriram a boca e ela os alimentou...ai, gente, até chorei, olha que tonha que sou!
Bom, os filhotinhos ficaram lá por uns bons dias...eram a alegria da família...todo mundo qdo acordava ia lá dar uma espiadinha. Meu filho então dava bom dia, contava que ia tomar café, falava com eles como a gente fala com bebê, sabe “ tutututututututu”, riso...um fofo..ele aprendeu que temos que cuidar bem dos animais.
Os filhotes iam crescendo, piando mais forte, criando aquela penugem linda verde e azul. Quase já não cabiam no ninho e ficavam treinando o bater das asas. Eles fechavam os olhinhos qdo eu passava a mão na cabecinha deles e eu me sentia a própria mãe, toda orgulhosa.
Enchi tanto os ouvidos da minha faxineira com recomendação de cuidado, que ela me olhava até torto, riso.
Até que uma bela manhã quando fui olhar, só tinha um filhote no ninho...o outro havia aprendido a voar. Fiquei triste, né, mas ainda tinha o outro ali. O coitadinho parecia tão solitário e eu ficava vigiando, pra ver se a mãe não o tinha abandonado. Mas, não...ela vinha sempre alimentá-lo.
Uns 2 dias depois o ninho estava vazio...e eu também fiquei vazia. Ai gente, bateu uma tristeza, sabe...já tava tão acostumada com meus dois filhotinhos ali.
Fiquei olhando, olhando e acho que eles se mudaram pra uma árvore do outro lado da rua. Limpei a sujeira, tirei o ninho (uma obra de arte, como pode um pássaro tão pequeno fazer aquilo) e guardei a escada...tinha acabado o meu período de mãe adotiva!
Uns dias depois vi 3 beija-flores pousados no fio de telefone em frente da minha casa...um maior e 2 menores, sorriso...era a família que tinha vindo me visitar e eles cantavam felizes da vida.
Eu também fiquei feliz, pois sei que se não tivesses feito aquilo, os filhotes teriam morrido.
Eles voaram e desde então não mais os vi.
Assim é a vida, um dia eles crescem, batem as asas e voam desbravando esse mundão...sei que irá acontecer isso com meu filho também um dia e sei que de novo me sentirei vazia...mas feliz! Bom final de semana a todos!
Beijos...