Poema: JG de Araujo Jorge

















Poppies
Laurent Pinsard


Paradoxo


A dor que abate, e punge, e nos tortura,
que julgamos às vezes não ter cura
e o destino nos deu e nos impôs,
é pequenina, é bem menor, e até
já não é dor talvez, dor já não é
dividida por dois.

A alegria que às vezes num segundo
nos dá desejos de abraçar o mundo,
e nos põe tristes, sem querer, depois,
aumenta, cresce, e bem maior se faz,
já não é alegria, é muito mais
dividida por dois.

Estranha essa aritmética da vida,
nem parece ciência, parece arte;
compreendo a dor menor, se dividida,
não entendo é aumentar nossa alegria
se essa mesma alegria
se reparte.

JG de Araujo Jorge, Festa de Imagens – 1948




















terça-feira, 19 de agosto de 2008

4 Comments:

BABI SOLER said...

Adivinhou meus pensamentos.
Beijo.

Jac C. said...

Txt. interessante.
Faz pensar...
Coletânea maravilhosa a sua.
Bjs.

Cin said...

E não é que é assim mesmo?
Lindinho o poema.
Tem notícias do baby lá no blog.
Bjinhos!

Margarete Bretone said...

Aritmética que divide multiplicando... coisa boa!!!!hehehe
Beijo

 
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